segunda-feira, 3 de setembro de 2007

TRABALHO E PERSPECTIVAS DE FORMAÇÃO DOS TRABALHADORES: PARA ALÉM DA FORMAÇÃO POLITÉCNICA

Paolo Nosella

Universidade Federal de São Carlos e Centro Universitário Nove de Julho.

Resumo

Quem não vê bem uma palavra,

não pode ver bem uma alma.

(Fernando Pessoa)

Nossa idéia central era:

como podemos nos tornar livres?

(Antônio Gramsci)


O Artigo do Professor Paolo Nosella é muito rico em conteúdo de maneira que digeri-lo apenas na leitura sem maiores diálogos pode comprometer maior compreensão do texto segue abaixo uma descrição sem fugir do que o autor aborda. Uma síntese do próprio texto.

O Texto do Professor Nosella nos informa detalhadamente os coneitos dos termos: Polítecnia que não aparece nos dicionários , polivalente é um adjetivo aplicado ao sujeito humano e politécnico(a)” é o adjetivo aplicado ao ensino, à educação ou à instituição escolar,

Se detém principalmente na análise semântica do conceito e do uso da palavra “politecnia” nos textos produzidos por educadores e intelectuais pensadores da educação e da formação desejada para os trabalhadores.

Conforme Nosella “enquanto princípio pedagógico, no entanto, o trabalho como fundamento da educação se tornou tema importante para os pedagogos e eixo principal da teoria educacional marxista.

Refere-se que o termo Politecnia na atualidade não corresponde mais a uma política educacional marxista porque a expressão foi bandeira de um outro contexto histórico.

A base teórica utilizada para o estudos são os próprios clássicos do marxismo Marx, Engels, Lênin e os marxitas autores que o interpretaram como Gramsci e textos de autores brasileiros, geralmente educadores marxistas que, abordando a relação

entre trabalho e educação, defenderam para a nossa realidade a educação politécnica.

E as pesquisas feitas utilizam duas principais correntes divergentes quanto a utilização do método investigativo criado por Marx o marxismo investigativo, contrapondo-o ao marxismo didascálico ou doutrinário.

Marx utilizou em seus textos os termos politecnia e tecnológica, e para ele politecncia como sinônimo de pluriprofissional.

A concepção politécnia foi preservada na tradição socialista principalmente nas escolas da União Soviética aonde o ensino médio era dual composto por uma rede de escolas técnicas.

O artigo trata também das diferentes afirmações de Manacorda e de Saviani sobre a educação politécnica ou tecnlógica em Marx.

Saviani é o único defensor da educação politécnica que enfrenta a questão de semântica. A noção de politecnia se encaminha na direção da superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre instrução profissional e instrução geral. [...] A noção de politecnia contrapõe-se a essa idéia, postulando que o processo de trabalho desenvolva, em unidade indissolúvel, os aspectos manuais e intelectuais. [...] Politecnia diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho produtivo moderno. (Saviani, 2003, passim)

Nesse sentido, os estudos de Manacorda concluem enfaticamente:[...] o "politecnicismo" sublinha o tema da "disponibilidade" para os vários trabalhos ou para as variações dos trabalhos, enquanto a "tecnologia" sublinha, com sua unidade de teoria e pratica, o caráter de totalidade ou omnilateralidade do homem. [...] O primeiro destaca a idéia da multiplicidade da atividade [...]; o segundo, a possibilidade de uma plena e total manifestação de si mesmo, independentemente das ocupações específicas da pessoa. (Manacorda, 1991, p. 32)

Nos anos 1990, o termo politecnia operou semanticamente como um freio à reflexão sobre a proposta educacional socialista. Pouco a pouco, nós, educadores marxistas, aceitamos nos tornar especialistas do ensino médio profissional, legitimando assim, indiretamente, a dualidade do ensino.

Certamente, um nome é fator de distinção, de união, de força, de direcionamento. É uma bandeira. Mas é também um fator de separação, fonte de novas ambigüidades, causa de engessamento teórico e de limitação ideológica. Os programas escolares inspirados nos valores da liberdade, da justiça e da igualdade precisam ser atualizados constantemente, e nem sempre um nome-bandeira nos ajuda nessa empreitada.

O próprio Manacorda o confessa. Entretanto, os educadores, cuja função principal é ajudar os “filhotes” dos homens (de todos) a se tornarem homens livres, justos e contemporâneos, não podem esquecer de atualizar seus conhecimentos, sua linguagem, seus métodos e programas escolares.

Nesse sentido, a expressão “onilateral” é feliz, porque conota o conjunto. Mais tarde, Gramsci utiliza o termo “unitário”, que acrescenta ao conjunto dos aspectos educacionais a idéia de integração. Todavia, tanto a expressão “onilateral” como “unitário” acentuam o sentido quantitativo, isto é, que abrange todos os aspectos. Se indagássemos sobre qual seria a categoria fundante e estruturante da fórmula pedagógico-escolar marxista, eu creio que deveríamos recorrer à categoria antropológica de liberdade plena para o homem, todos os homens.

Gramsci desenvolve muito bem esse “germe marxiano” da unitariedade educacional, por isso afirma que, assim como todos os homens são intelectuais, os intelectuais também são trabalhadores, pois nem o trabalho braçal dispensa o cérebro, nem o trabalho intelectual dispensa o esforço muscular nervoso, a disciplina, os tempos e os movimento.

Para educarmos o homem do futuro precisamos idealmente ultrapassar os limites burgueses do trabalho alienado e nos inspirar no conceito marxiano de trabalho coextensivo à existência humana.

O Planeta se tornou uma enorme sala de aula, uma oficina imensa e um campo aberto de disputas. Encontrar as formas adequadas de interagir com os semelhantes e com a natureza é um desafio tremendo para um jovem; a escola-dotrabalho não pode se omitir de orientá-lo nesse desafio.

Essa concepção de escola de rigor científico e de liberdade responsável aproxima-se da idéia de escola de tempo integral, ou melhor, de educação plena.

Não é fácil determinar os conteúdos escolares que o mundo atual exige do cidadão moderno.

Em outras palavras, sei que muitas pessoas alcançam algum grau de liberdade até mesmo pela escola técnica ou por uma formação profissional precoce, pela escola popular pública ou noturna de baixa qualidade. Compete, porém, aos educadores lutarem para abrir caminhos (escolas) mais apropriados e eficientes, a fim de que todos alcancem a liberdade que o atual momento de evolução da história possibilita. Em outras palavras, o educador não pode jamais perder de vista o horizonte de liberdade plena, concreta e imanente como objetivo fundamental da educação.

Ao afirmar que necessidade e liberdade sincronicamente se fundem, afirma-se também que a revolução que promove a passagem da necessidade para a liberdade é um processo constante, fruto das lutas de cada dia.

Aos educadores, porém, compete abrir os canais educacionais mais adequados para que todos sejam cada vez mais livres. Creio ter sido essa a idéia que orientou Gramsci e seus colaboradores de Ordine Nuovo quando, em 1920, criaram uma escola para os trabalhadores: “Nossa idéia central era: como podemos nos tornar livres?” (Gramsci, 1987, p. 622).

Um comentário:

Pedagoga Viviane disse...

Muito boa sua postagem!!!!!
Adorei, me ajudou muito... PARABÈNS!!

Serei seguidora e te ofereço com prazer o selo de aprovação ( pegar no meu blog aba ofereço), vc merece!!
Abraços, Viviane.