você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.
Carlos drumond de Andrade
foto amanda de oliveira

“Um processo ainda em curso de integração de economias e mercados nacionais. No entanto, ela compreende mais do que o fluxo monetário e de mercadoria; implica a interdependência dos países e das pessoas, além da uniformização de padrões e está ocorrendo em todo o mundo, também no espaço social e cultural. É chamada de "terceira revolução tecnológica" (processamento, difusão e transmissão de informações) e acredita-se que a globalização define uma nova era da história humana.”
Este conceito retirado da internet www.brasilescola.com/gerografia/globalização.htm expressa de maneira simples o processo de globalização em curso no atual estágio de desenvolvimento da humanidade. Se considerarmos apenas o conceito citado entenderemos que tudo no mundo esta integrado de maneira que facilitou o acesso aos bens produzidos pelo ser humano, mas se detivermos um olhar mais crítico a este processo veremos que as mercadorias são livres para irem e virem, agora o acesso e o consumo é o restrito para poucos ou aonde o capitalismo econômico determina a lógica do mercado.
A Globalização econômica tem sua base teórica no Liberalismo Econômico, que na atualidade foi rebatizado de neoliberalismo, ou seja, liberdade para as empresas entrarem em diversos países sem pagarem impostos ou sem concorrência com os produtos nacionais. Isto tem sido objeto de estudo pois os países que não protegem sua economia ficam a mercê dos diversos revezes da ordem econômica mundial e tem sua soberania fragilizada.
( ROSE MARI GOMES )
O conceito de gênero surgiu após muitos anos de luta feminista e de formulação teórica na tentativa de explicar a opressão das mulheres. As primeiras a utilizarem o conceito foram as norte-americanas e as inglesas. É um conceito que coloca o ser mulher e o ser homem como uma construção social, a partir do que é estabelecido como feminino e masculino bem como os papéis sociais destinados a cada um. Essas relações são uma construção social, isto é, não estão determinadas biologicamente. A definição de masculino e feminino está associada ao que cada sociedade, em cada momento histórico define como próprio de homens e mulheres. A construção de gênero se dá em todas as esferas da sociedade: economia, política, social e cultural.
O debate sobre Educação Tecnológica esteve presente no Brasil, desde a chamada "Revolução de 30", pois o rompimento do modelo agrário-exportador para o urbano-industrial trouxe mudanças no ensino médio com a seriação. Surgem também na década de 40 os Sistemas nacionais de Formação Profissional: SENAI (Sistema Nacional de Aprendizagem Industrial) e o SENAC (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Na década de 80 com o debate a sobre a LDB ( Lei de Diretrizes e Bases da Educação) novamente trava-se na sociedade uma disputa ideológica sobre formação técnico-profissional iniciado principalmente pelas mudanças no mundo do trabalho. A reestruturação produtiva introduzida pelas novas tecnologias e por novas formas de organização da produção, a globalização econômica capitalista e o neoliberalismo provocou mudanças significativas na vida dos trabalhadores e das trabalhadoras. (CARNEIRO, 1998).
Essas mudanças são acompanhadas pelo aumento significativo da inserção feminina no mercado de trabalho. Inserção que deve ser considerada como uma importante barreira transposta, na medida em que as mulheres vão quebrando os muros do mundo doméstico, universo típico feminino para o público. Entretanto:
“È evidente que a ampliação do trabalho feminino no mundo produtivo das últimas décadas é parte do processo de emancipação parcial das mulheres, tanto em relação à sociedade de classes quanto às inúmeras formas de opressão masculina, que se fundamentam na tradicional divisão social e sexual do trabalho. Mas – e isso tem sido central – o capital incorpora o trabalho feminino de modo desigual e diferenciado em sua divisão social e sexual do trabalho”. (ANTUNES, 1999. p.110)
É importante considerar que nos primórdios da formação histórica das sociedades humanas, a mulher teve um papel decisivo na apropriação da técnica, pois os primeiros artefatos de pedra lascada, segundo Rose Marie Muraro, foram “úteis para cortar e processar vegetais, mas não para caçar animais de grande porte.” (1992, p.25).
E nestas comunidades primitivas que se da a primeira divisão do trabalho com base na idade e no sexo (divisão sexual do trabalho). Enquanto lidavam com a natureza os seres humanos se qualificavam e transmitiam o que aprendiam a futuras gerações, por meio de um processo de qualificação que coincidia inteiramente com o próprio processo de trabalho, considerando-se a divisão sexual do trabalho, pode-se afirmar duas capacidades de trabalho, conformando a qualificação do trabalho dos homens e mulheres da coletividade. (SILVA, 2005 p. 46)
A realidade do trabalho com as inovações tecnológicas não vem apontando para a possibilidade da construção da sociedade mais igualitária. Cabe ás mulheres as tarefas menos qualificadas apesar de terem mais anos de estudo formal, isto só não basta para ocuparem cargos de maior posição ou salários maiores. De acordo com PNAD ( Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) 1999, os homens recebem 68,7% dos rendimentos em salário e as mulheres receberam 31,3%. As mulheres trabalhadoras sofrem das conseqüências da modernização do mundo produtivo e da flexibilização das relações do trabalho. A sua mão-de-obra é utilizada através de jornadas parciais, contratos por tempo temporário, trabalhos em domicílio em condições precárias, perdas de direitos legais e baixos salários.
A questão que pode ser levantada diante deste quadro é a seguinte: o acesso à educação tecnológica pode possibilitar uma relação de gênero mais humana no atual contexto da sociedade capitalista?
Esta proposta de pesquisa pode contribuir para uma melhor compreensão das relações entre gênero e educação tecnológica e também possibilitar uma práxis mais efetiva. Assim,
“... indispensável, portanto, é a reflexão crítica para indicar caminhos e horizontes, para não se afastar do leito da condição humana e de sua libertação. No meio da avalanche de técnicas e mutações tecnológicas, é preciso mergulhar na permanência dos conceitos, não somente na formação profissional como qualificação para o trabalho, mas de retorno à totalidade do homem capaz de compreender o mundo técnico, social e cultural”. (BASTOS, p. 2004)
Acreditamos que esta proposta poderá integrar as reflexões que o programa de desenvolvimento Educacional proposto pela Secretaria de Estado de Educação do Paraná vem desenvolvendo e contribuirá para o aprofundamento das diretrizes curriculares de História e também para a Coordenadoria de Educação e Trabalho.
Paolo Nosella
Universidade Federal de São Carlos e Centro Universitário Nove de Julho.
Resumo
Quem não vê bem uma palavra,
não pode ver bem uma alma.
(Fernando Pessoa)
Nossa idéia central era:
como podemos nos tornar livres?
(Antônio Gramsci)
O Artigo do Professor Paolo Nosella é muito rico em conteúdo de maneira que digeri-lo apenas na leitura sem maiores diálogos pode comprometer maior compreensão do texto segue abaixo uma descrição sem fugir do que o autor aborda. Uma síntese do próprio texto.
Se detém principalmente na análise semântica do conceito e do uso da palavra “politecnia” nos textos produzidos por educadores e intelectuais pensadores da educação e da formação desejada para os trabalhadores.
Conforme Nosella “enquanto princípio pedagógico, no entanto, o trabalho como fundamento da educação se tornou tema importante para os pedagogos e eixo principal da teoria educacional marxista.
Refere-se que o termo Politecnia na atualidade não corresponde mais a uma política educacional marxista porque a expressão foi bandeira de um outro contexto histórico.
A base teórica utilizada para o estudos são os próprios clássicos do marxismo Marx, Engels, Lênin e os marxitas autores que o interpretaram como Gramsci e textos de autores brasileiros, geralmente educadores marxistas que, abordando a relação
entre trabalho e educação, defenderam para a nossa realidade a educação politécnica.
E as pesquisas feitas utilizam duas principais correntes divergentes quanto a utilização do método investigativo criado por Marx o marxismo investigativo, contrapondo-o ao marxismo didascálico ou doutrinário.
Marx utilizou em seus textos os termos politecnia e tecnológica, e para ele politecncia como sinônimo de pluriprofissional.
A concepção politécnia foi preservada na tradição socialista principalmente nas escolas da União Soviética aonde o ensino médio era dual composto por uma rede de escolas técnicas.
O artigo trata também das diferentes afirmações de Manacorda e de Saviani sobre a educação politécnica ou tecnlógica em Marx.
Saviani é o único defensor da educação politécnica que enfrenta a questão de semântica. A noção de politecnia se encaminha na direção da superação da dicotomia entre trabalho manual e trabalho intelectual, entre instrução profissional e instrução geral. [...] A noção de politecnia contrapõe-se a essa idéia, postulando que o processo de trabalho desenvolva, em unidade indissolúvel, os aspectos manuais e intelectuais. [...] Politecnia diz respeito ao domínio dos fundamentos científicos das diferentes técnicas que caracterizam o processo de trabalho produtivo moderno. (Saviani, 2003, passim)
Nesse sentido, os estudos de Manacorda concluem enfaticamente:[...] o "politecnicismo" sublinha o tema da "disponibilidade" para os vários trabalhos ou para as variações dos trabalhos, enquanto a "tecnologia" sublinha, com sua unidade de teoria e pratica, o caráter de totalidade ou omnilateralidade do homem. [...] O primeiro destaca a idéia da multiplicidade da atividade [...]; o segundo, a possibilidade de uma plena e total manifestação de si mesmo, independentemente das ocupações específicas da pessoa. (Manacorda, 1991, p. 32)
Nos anos 1990, o termo politecnia operou semanticamente como um freio à reflexão sobre a proposta educacional socialista. Pouco a pouco, nós, educadores marxistas, aceitamos nos tornar especialistas do ensino médio profissional, legitimando assim, indiretamente, a dualidade do ensino.
Certamente, um nome é fator de distinção, de união, de força, de direcionamento. É uma bandeira. Mas é também um fator de separação, fonte de novas ambigüidades, causa de engessamento teórico e de limitação ideológica. Os programas escolares inspirados nos valores da liberdade, da justiça e da igualdade precisam ser atualizados constantemente, e nem sempre um nome-bandeira nos ajuda nessa empreitada.
O próprio Manacorda o confessa. Entretanto, os educadores, cuja função principal é ajudar os “filhotes” dos homens (de todos) a se tornarem homens livres, justos e contemporâneos, não podem esquecer de atualizar seus conhecimentos, sua linguagem, seus métodos e programas escolares.
Nesse sentido, a expressão “onilateral” é feliz, porque conota o conjunto. Mais tarde, Gramsci utiliza o termo “unitário”, que acrescenta ao conjunto dos aspectos educacionais a idéia de integração. Todavia, tanto a expressão “onilateral” como “unitário” acentuam o sentido quantitativo, isto é, que abrange todos os aspectos. Se indagássemos sobre qual seria a categoria fundante e estruturante da fórmula pedagógico-escolar marxista, eu creio que deveríamos recorrer à categoria antropológica de liberdade plena para o homem, todos os homens.
Gramsci desenvolve muito bem esse “germe marxiano” da unitariedade educacional, por isso afirma que, assim como todos os homens são intelectuais, os intelectuais também são trabalhadores, pois nem o trabalho braçal dispensa o cérebro, nem o trabalho intelectual dispensa o esforço muscular nervoso, a disciplina, os tempos e os movimento.
Para educarmos o homem do futuro precisamos idealmente ultrapassar os limites burgueses do trabalho alienado e nos inspirar no conceito marxiano de trabalho coextensivo à existência humana.
O Planeta se tornou uma enorme sala de aula, uma oficina imensa e um campo aberto de disputas. Encontrar as formas adequadas de interagir com os semelhantes e com a natureza é um desafio tremendo para um jovem; a escola-dotrabalho não pode se omitir de orientá-lo nesse desafio.
Essa concepção de escola de rigor científico e de liberdade responsável aproxima-se da idéia de escola de tempo integral, ou melhor, de educação plena.
Não é fácil determinar os conteúdos escolares que o mundo atual exige do cidadão moderno.
Em outras palavras, sei que muitas pessoas alcançam algum grau de liberdade até mesmo pela escola técnica ou por uma formação profissional precoce, pela escola popular pública ou noturna de baixa qualidade. Compete, porém, aos educadores lutarem para abrir caminhos (escolas) mais apropriados e eficientes, a fim de que todos alcancem a liberdade que o atual momento de evolução da história possibilita. Em outras palavras, o educador não pode jamais perder de vista o horizonte de liberdade plena, concreta e imanente como objetivo fundamental da educação.
Ao afirmar que necessidade e liberdade sincronicamente se fundem, afirma-se
Lizia Helena Nagel
Introdução
Impossível pensar a educação fora do
espectro da contradição que põe lado a lado a
mudança e a permanência, que impõe novas
formas de trabalho no interior da mesma
relação de produção, que aciona velhas
atitudes apenas maquiadas pelo velho dogma
do mercado.
Já a análise que Ligia Nagel faz das Políticas Educacionais implementadas no Brasil a partir dos anos 80 ainda está presente no debate atual da Educação Brasileira principalmente após o Governo do Presidente Lula.
Os intelectuais brasileiros segundo o texto preocupados apenas com a abertura da democracia brasileira e o fim da ditadura militar em nosso país não perceberam a armadilha neoliberal já em curso na Educação. Com mudanças significativas na política brasileira o espírito de liberdade sobrepunha a uma análise mais crítica dos discursos dos presidentes da década de 80 e 90.
Nesse sentido é impossível pensar as mudanças em nosso país sem fazer uma reflexão histórica das mudanças do capitalismo e da nova ordem mundial. Analisar o chamado modelo taylorismo/fordismo, principalmente no Brasil aonde o capitalismo dependente nunca proporcionou um desenvolvimento econômico que superássemos a distribuição de renda desigual.
As mudanças na base da produção capitalista impulsionou mudanças nas políticas educacionais. Para os países endividados os organismos internacionais de financiamentos tinham dinheiro desde que cumprissem metas de acordo com o entendimento destes do que seria a superação da pobreza. A chamada globalização da economia exigia mudanças no nível de escolaridade que estava muito distante da proposta de participação nesta economia para o Brasil. Havia a necessidade de elevação de escolaridade básica comprometendo o avanço do ensino superior e a pesquisa base tecnológica futura.
O Paraná neste período foi um laboratório destas políticas na Educação. Com programas de Correção de Fluxo, fim do Ensino Médio Técnico Profissionalizante, desvalorização dos profissionais da Educação, Privatização do Ensino Superior, etc.
Comparando o conhecimento desenvolvido na década de 70 que ainda está em curso com a análise das políticas educacionais desenvolvidas principalmente na década de 90 segundo Lígia “ainda estão por ser examinadas no espectro da decadência da ciência e do oportunismo cívico, cujas conseqüências nossos netos sentirão.”
Carlos Rodrigues Brandão
o trabalho de ensinar
Há dois legados duradouros que podemos transmitir aos
nossos filhos: um raízes; outro; asas.
Holding Carter
No texto Carlos R. Brandão nos remete ao desafio de educar. A educação é essencial para a humanidade ela sozinha não muda nada mais sem ela socialmente também nada muda.
A educação é um meio para a transformação da sociedade e o seu desenvolvimento tanto do ponto de vista econômico como humano. Ela proporciona a formação de pessoas e como sendo contínua e permanente e o ofício de ensinar seja ainda um ato insubstituível do professor e da professora.
As tecnologias que estão a disposição são ferramentas que podem e devem contribuir no trabalho desenvolvido, pois instrui, mais estes aparatos por si só de nada valem sem a intermediação de compreender que para além de como funcionam são criação humana portanto são atos da própria educação.
A educação a distância instrui sujeitos mais não traz para o cotidiano do aprender a sensibilidade da troca, do afeto que dão ao ato de ensinar e ao profissional o seu sentido de ser. Avançar na nossa humanização.
Este também é um desafio para educadores e educadoras recriar e não apenas reproduzir e transmitir conhecimentos acumulados ao longo da história humana. Ousar no ofício e reviver no contexto atual como cultura viva.
Nada é neutro
Marilena Chauí sempre nos lembra em seus textos que só se vive pessoal e interativamente a democracia, quando se vive a experiência de sua própria criação.
Em seus livros, o senhor previu um mundo em que todos trabalhassem menos para que mais pudessem ter um emprego. Mas o que se vê hoje é exatamente o contrário.
Em todo o mundo, e especialmente no Brasil, há muito desemprego. Em partem a culpa disso é da robótica, do computador. A uma situação paradoxal. O computador veio para livrar o homem do trabalho burocrático e poupar o tempo que gastava com suas tarefas, para liberá-lo ao lazer, a família, o estudo. Mas, se o mesmo trabalho pode ser feito em menos tempo, ou se reduz á carga horária, ou se reduz o numero de trabalhadores. Infelizmente, a segunda opção é a preferida. Mas a uma solução burra. Mais do que isso, e uma loucura. As pessoas estão trabalhando muito mais horas, enquanto as cidades estão cheias de desocupados. O desemprego depende, sobretudo, da boa distribuindo do trabalho, da riqueza e do saber. Os comunistas sabiam distribuir, mas não sabiam produzir. Nos sabemos produzir, mas não sabemos como distribuir o trabalho, assim como não distribuímos bem a riqueza e o saber.
A globalização esta piorando esta situação. O senhor não acha que, contrariando suas teorias, que o futuro tende a agravar ainda mais este problema da ma distribuição do trabalho?
Isso depende da inteligência do homem. Toda vez que temos grandes problemas, o homem vai atrás de soluções criativas. Acho que é um problema de tolerância. A distribuição de riquezas esta piorando porque o Terceiro Mundo é tolerante com os países ricos. Os problemas do Afeganistão, do Paquistão, do Iraque, do Irã não eram importantes até o 11 de setembro. Se não fosse aquele atentado, até hoje não teríamos despertado nosso interesse pelo Islã. Antes, na Itália ou no Brasil, ninguém sabia onde era o Afeganistão.
Qual seria a solução?
Parto do princípio de que nós temos de nos contrapor aos dois modelos existenciais fundamentalistas que vigora. De um lado o fundamentalismo islâmico, baseado no fanatismo religioso. E, de outro, o fundamentalismo americano, baseado no fanatismo consumista. O consumismo americano propõe o paraíso em terra, enquanto o fundamentalismo islâmico fala de um paraíso do lado de lá. Eu acredito que há um outro modelo, que não é nem islâmico, nem americano.
Nem uma terceira via?
Nem uma terceira via, com a pregada por Anthony Giddns, porque ela é uma via econômico-política. O terceiro modelo é uma via sociocultural. Essa via esta baseada na experiência latina, que sempre buscou um mundo melhor. A experiência grega, romana, do Renascimento florentino, do século de ouro espanhol, da América Latina, do Brasil, do Chile, da Argentina, do México... Povos que sempre tiveram seu tipo de vida mais voltado para a sensualidade, para a solidariedade, para a alegria, para a brincadeira e para o ócio criativo.
Seria uma oposição entre os modelos católico e protestante?
O catolicismo é parte do modelo latino. Ele é menos drástico, mais alegre, menos competitivo, menos calvinista. O catolicismo é menos baseado no trabalho e mais no tempo livre. No domingo, e não na segunda-feira.
Por que algumas pessoas são mais criativas do que outras?
Porque nelas há uma síntese entre fantasia e concretude. A maioria das pessoas é mais criativa em alguns setores do que
Como na fábula da cigarra e da formiga?
Sim, desejava-se que todos fossem formigas, andando em fila e fazendo tudo certinho, mas sem criatividade. A sociedade pós-industrial fez ruir esta idéia. Temos que produzir cigarras.
O que o levou a escrever "Criatividade e grupos criativos"?
Uma lacuna. Temos muito pouca literatura sobre a criatividade. A teoria psicanalista tratou disso, Fred, Jung, Hillman, mas não muito. Freud escreveu sobre Michelangelo e sobre Leonardo Da Vinci. Jung escreveu em ensaio sobre Beckett. Mas eles não se interessavam especificamente pela criatividade. Por que o homem é inspirado a criar? Temos o instinto de sobrevivência, de fuga, de agressividade. Mas haveria um instinto de criatividade? A psicologia interessa definir a personalidade de um criativo compará-la a de um não criativo. Quais são os interesses para um neurologista? As condições sinapticas que caracterizam a criatividade. E quais os interesses dos epistemologos sobre a criatividade? Saber como gerar o progresso científico. Quais os interesses dos sociólogos na criatividade? Saber como funciona m agrupamento criativo. Por que tantos gênios viveram em Atenas? Por que uma cidade com 40 mil habitantes gerou personalidades como Aristóteles e Sócrates? E não foi somente este o caso. Florença, quando tinha apenas 19 mil habitantes, teve Da Vinti, Donatello e Michelangelo.
Por que isso acontece?
Por que a história não segue em linha reta. Em alguns momentos, há uma grande criatividade artística, muito fantasiosa. Em outras, uma grande criatividade técnico-científica.
Elas seriam radicalmente diferentes?
Como uma linha reta e uma linha curva. Falo disso em meu novo livro, inspirado em um grande brasileiro, Oscar Niemeyer. Ele se contrapôs a Le Corbusier, que amava a linha reta, a linha mais breve entre dois pontos, a linha dos boulevares. Mas Oscar Niemeyer disse "Não é o angulo reto que me atrai, nem a linha dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a linha curva livre e sensual das curvas que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso nos seus rios, nas nuvens do céu, no corpo da mulher bonita. De curvas é feito o universo. O Universo curvo de Einstein”.
O que se pode esperar de um presidente que foi líder sindical?
Lula, neste momento, é um presidente muito atípico do mundo porque em toda parte há presidentes de direita, ou presidentes que se dizem de esquerda, mas agem como direita, como Tony Blair. E todos são hiperliberais, a favor do mercado livre, do aumento da produtividade, pela redução dos custos. O único chefe de estado que esta na contra-corrente é Lula, porque fala em justiça social. É um chefe de estado de grande originalidade. Depois de dois governos de Fernando Henrique, era necessário mudar de forma corajosa. Lula tem uma forte dissimetria entre os aspecto físico e a qualidade da mente. Uma mente muito refinada e um corpo de operário, mecânico. Uma mente pós-industrial e um corpo industrial, o que cria uma síntese muito interessante.
Mas os brasileiros reclamam que o governo tem mostrado pouca criatividade para mudar e que estaria engessado pela administração anterior.
Lula é hoje o chefe de estado mais pressionado do mundo. Quando Gorbatchev transformou a União Soviética, evitando uma grande carnificina, era um líder prezado em todo o mundo. Todos falavam bem dele, menos os russos. Mesmo acontece com Lula, que muito é prezado fora do Brasil. Não se pode esquecer que muitas potências estrangeiras conspiram contra Lula, porque ele é um perigo para a cultura ultra liberal. E como se dá esta conspiração? Como sempre se deu, no Brasil ou na Itália, com a ajuda da esquerda. E sempre a oposição da esquerda que pressiona e inviabiliza o governo de esquerda. Eles não caem por mérito da direita, mas pelo demérito da esquerda. Nós intelectuais somos responsáveis, porque fazemos pouco, mas criticamos muito. Os intelectuais querem que Lula faça em um ano o que não se fez em 100. O tempo da mudança não é decidido por uma pessoa, mas pelo governo, pelo FMI, pelo aliados, pela burocracia. Lula tem muitas qualidades e grandes ministros. Cristóvão Buarque é um grande ministro. Tasso Genro também. Se Lula tiver sucesso ou não, não é mérito ou culpa de Lula, mas culpa ou mérito de todo Brasil. Mas o Brasil já tem o mérito de ter votado nele. Foi uma coisa extraordinária. O Brasil mostrou uma enorme capacidade de sonhar.
Esta entrevista foi feita por Cristiane Costa e publicada pelo Jornal do BrasilA REFLEXÃO CRÍTICA SOBRE A PRÁTICA
PEDAGÓGICA SE TORNA UMA EXIGÊNCIA DA RELAÇÃO TEORIA/PRÁTICA SEM A QUAL A TEORIA
PODE VIRAR UM BLÁ BLÁ BLÁ E A PRÁTICA ATIVISMO. (...)
É PRECISO, SOBRETUDO, QUE O
EDUCADOR ASSUMA-SE COMO SUJEITO NA PRODUÇÃO DO SABER E SE CONVENÇA
DEFINITIVAMENTE QUE ENSINAR NÃO É TRANSFERIR CONHECIMENTO, MAS CRIAR AS
POSSIBILIDADES PARA A SUA PRODUÇÃO OU SUA CONSTRUÇÃO.
(Paulo Freire)
THE BODY
Stephen King
@@@@@@@@@@@@@@
Eu penso comforme o tempo
Eu danço conforme o passo
Eu passo conforme o espaço
Eu amo conforme a fome
Eu como conforme a cama
Eu sinto conforme o mundo
Mas no fundo,Eu não me conformo
Martha Medeiros
@@@@@@@@@@@@@@
4º MOTIVO DA ROSA
Não te aflijas com a pétala que voa:
também é ser, deixar de ser assim.
Rosas verá, só de cinzas franzida,
mortas, intactas pelo teu jardim.
Eu deixo aroma até nos meus espinhos
ao longe, o vento vai falando de mim.
E por perder-me é que vão me lembrando,
por desfolhar-me é que não tenho fim.
(Cecília Meirelles)
@@@@@@@@@@@@
O MUNDO QUER-ME MAL PORQUE NINGUÉM
TEM ASAS COMO EU TENHO! PORQUE DEUS
ME FAZ NASCER PRINCESA ENTRE PLEBEUS
NUMA TORRE DE ORGULHO E DE DESDÉM
PORQUE O MEU REINO FICA PARA ALÉM...
PORQUE TRAGO NO OLHAR OS VASTOS CÉUS
E OS OIROS E CLARÕES SÃO TODOS MEUS!
PORQUE EU SOU EU E PORQUE EU SOU ALGUÉM
Florbela Spanca
@@@@@@@@@@@@